Debate no dia 16 de maio sobre ecologia
A crise sanitária do Covid-19 nos faz questionar a nossa relação com o planeta. Tanto para perceber a interdependência entre países como para repensar o nosso modo de vida. É, portanto, um bom momento para aprofundar o nosso conhecimento sobre os desafios do aquecimento global, da erosão da biodiversidade e para nos aproximarmos de iniciativas que lutam pelo planeta.
Para compartilhar esta discussão, estiveram presentes 3 associações franco-brasileiras:
- One Earth-One Ocean (OEOO) com Caroline Verna, Directora de Investigação do Brasil,
- Plant’ação com Joanna Gherardi-Allan, estudante do programa de mestrado sobre desigualdades e discriminação – intervenção e desenvolvimento social.
- Les Colibris de Rio com Mathilde Lebreton.
Apresentação das associações:
One Earth – One Ocean Brasil (link para o website e conta Instagram) é uma associação que luta contra a poluição marinha e visa eliminar, mais especificamente e de uma forma sustentável, os resíduos plásticos das águas.
Os 3 eixos de One Earth – One Ocean Brasil são:
- Educação e informação (apresentações e workshops de educação ambiental em escolas e empresas, implementação de soluções de desenvolvimento social em zonas urbanas desfavorecidas)
- Investigação e documentação (avaliação do estado da Baía de Guanabara e do lixo marinho nas praias)
- Atividades de limpeza (soluções técnicas para a limpeza de praias e águas costeiras em colaboração com as comunidades piscatórias, e soluções técnicas para o tratamento, reciclagem e recuperação de resíduos plásticos)
Plant’açaõ (link para a página do Facebook) é uma associação franco-brasileira que aborda questões socioecológicas: é ao mesmo tempo um eco-lugar e um ponto de encontro para iniciativas. Os eixos devem dar sentido as ações diárias e fazer florescer de forma concreta uma filosofia baseada no intercâmbio, conhecimento e ajuda mútua. É por isso que a associação é construída em torno de uma horta: o centro das questões alimentares, de comer bem e da necessidade de fazê-lo. A horta é também um local de encontro e intercâmbio com os habitantes e associações de bairro.
É deste ângulo que a Plant’ação escolheu definir a ecologia: um objeto de recolha, e uma resposta aos problemas ambientais e sociais. Como o conhecimento não tem fronteiras, a associação se propõe a promover sua horta através de uma colaboração bilateral entre a França e o Brasil numa visão sustentável e ecológica. Os seus voluntários estão dispostos a tirar o máximo de proveito do conhecimento de todos, em um espírito de redistribuição pela comunidade: “Todos temos algo a ensinar e muito a descobrir”.
Os Beija-flores do Rio (link para a página do Facebook) nasceram da necessidade de reunir e depois promover os bons endereços sustentáveis da cidade maravilhosa: mercado e alimentos orgânicos, produtos domésticos sustentáveis, loja de resíduos zero, centros de reciclagem…
Hoje, os muitos voluntários estão “a fazer a sua parte” através de 3 eixos de ação:
- Comunicação e eventos sobre as iniciativas ecológicas dos cariocas, gestos verdes, encontros, eventos, organização de workshops…
- A criação e gestão de uma dinâmica eco responsável ativa para os estudantes e/ou professores e pessoal do Liceu Molière.
- Um projeto de educação ambiental de 3 anos na escola pública do Vidigal que aumenta a sensibilização para a desplastificação, alimentação saudável e sustentável além da autonomia energética.
Descobertas e desafios da nossa relação com o nosso ambiente:
Estamos enfrentando várias crises ambientais, as mais significativas das quais são os limites dos nossos recursos, o aquecimento global e o colapso da biodiversidade. Estas crises são estruturais (derivam do nosso modo de vida), intrinsecamente ligadas (não podemos imaginar resolver uma crise sem tentar resolver as outras duas) e já estão impactando nos povos, nas comunidades e indivíduos mais frágeis.
Os nossos recursos naturais (combustíveis fósseis, metais, madeira, terra arável e fértil, peixe, água doce etc.) são limitados: ou porque o “stock” está esgotado, ou porque estamos consumindo-os mais rapidamente do que podem ser renovados. No entanto, vivemos como se fossem ilimitados, para além do que a terra pode proporcionar ou renovar.
⇒ Para ir mais longe, uma ferramenta educativa para compreender o dia do excesso: https://youtu.be/ZtuFdGRRD4k
O aquecimento global já não é (ou quase já não é!) contestado, e o objetivo menos desfavorável para a vida na terra seria contê-lo a +1,5 / 2°C até 2030. Contudo, estamos em uma trajetória de +3,2°C e o crescimento desejado pela economia tradicional nos leva a +7 / 8°C. Este aumento da temperatura média na superfície da terra se deve à produção de gases com efeito de estufa (GEE) que o nosso estilo de vida produz. Estas são principalmente as nossas necessidades de energia eléctrica (25%), a nossa agricultura industrial (25%), as nossas atividades industriais (21%) e os nossos transportes (14%).
⇒ Artigo: As crianças nascidas hoje terão de emitir oito vezes menos CO2 a nível mundial do que os seus avós para cumprirem o Acordo de Paris (Le Monde).
Perdemos 60% da biodiversidade mundial em 40 anos, a maior parte dos quais são artrópodes. No entanto, são os artrópodes que nos alimentam indiretamente, fazendo solo para o crescimento das plantas (a maioria dos animais encontrados na ninhada do solo) e polinizando as plantas, permitindo-lhes assim dar frutos (a reprodução de mais de 90% das espécies vegetais com flor no mundo depende da polinização dos animais, e mais essencialmente dos insectos (abelhas, borboletas, abelhas, etc.).
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